sexta-feira, 13 de junho de 2014

Conexões






Cada dia estamos mais conectados virtualmente e mais isolados do mundo real. Temos praticamente todas as informações necessárias ou não, literalmente na palma de nossas mãos através dos milhares de smartphones, tablets e tudo mais disponível, mas interagimos cada vez menos com as pessoas.

Muitos bate-papos, curtidas e comentários virtuais instantâneos, mas que as vezes levam horas ou dias para serem curtidos ou não, pelos nossos interlocutores virtuais.

As vezes a conversa começa animada, mas daí não flui por muito tempo, pois nosso amigo que parece estar on line...foi tomar banho e não te avisou. Nem sempre o papo se aprofunda, afinal digitar cansa mais que falar. Não há olho no olho, nossos pontos de vista se tornam simples posts, raramente de autoria confiável ou conhecida, copiados e colados, quando não plagiados.

Não, não sou contra essas facilidades, na verdade eu as uso muito também!

Quando bem usadas são muito úteis, para não perdermos contatos, reencontrar velhos amigos, mobilizar pessoas por causas justas e por pura diversão. Mas lamento a falta do toque, dos gestos, da alteração no tom da voz ao concordar, discordar, ironizar ou deliciarmo-nos numa conversa não virtual, não apenas pautadas por “maiúsculas e minúsculas” e intercaladas por sinais ortográficos, transvestidos de expressões faciais divertidas. Adoro ilustrar minhas mensagens com carinhas e emoticons, minha filha diz que já estou num nível patológico! Mas sinto falta das expressões de aprovação, de dúvida e ceticismo, de impaciência e curiosidade de divagação ao conversar frente a frente com alguém. 
Me entedia a falta da resposta pronta é rápida e não limitada ao número de toques ou caracteres aceitos dentro da etiqueta social do mundo virtual. Outras vezes as frases se sobrepõem de tal forma, que requerem muita habilidade para a conversa não perder o nexo.

Mas e quanto ao conhecimento, por mais que admire os autodidatas e muitas vezes goste de aprender e estudar sozinha, em muitas outras sinto falta de um mestre, um tutor, assim como parceiros de carne e osso, que percorram este caminho do saber e aprender comigo, que tirem minhas dúvidas, que criem outras, que me mostrem novas possibilidades de interpretar um tema ou um fato, que discordem de mim e me incentivem a pensar diferente, me desafiem a questionar e transgredir o que a tela de um computador ou celular apenas projeta. Fico encantada ao encontrar quem tenha os mesmos interesses que eu para passar alguns minutos ou horas falando e divagando a respeito.

Dizem que livros já são ultrapassados, que pena... Será?

Agrada-me folheá-los, tocá-los, percorrer os dedos pelas linhas, pelas imagens...Perder meu marcador e ficar procurando a página onde parei. Além de ter sempre a certeza de quem é o autor de suas ideias, mensagens, imagens e descobertas.

Não podemos negar as maravilhas e facilidades de todos os recursos tecnológicos a nossa disposição, mas não podemos perder nosso lado humano, gregário, o calor de um abraço ou aperto de mão, um olhar sorridente e nem mesmo uma expressão de decepção, frustração ou descontentamento ao invés de um simples “descurtir”.

Precisamos manter contato com pessoas conhecidas ou não, precisamos criar oportunidade de conhecer pessoas e lugares fora do mundo virtual, precisamos estar frente a frente com uma obra de arte. Criar sem Print Screen ou “copiar e colar”.

Não podemos correr o risco de nos acomodarmos e nos deixarmos seduzir totalmente pelas maravilhas e conveniências virtuais. Devemos observar a nós mesmos e perceber o quanto nos tornamos dependentes desta “paixão” e que tipos de conexões predominam em nossas Vidas: conexões virtuais ou humanas.

Nenhum “curtir” substitui plenamente um abraço. Nenhuma :) substitui um sorriso.
http://www.aconteceemalphaville.com.br/colunistas/433

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