quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ser perfeito ou ser feliz?
Cristina Facco


"A principal coisa na vida, é não ter medo de ser humano" - Pablo Casals

Ser perfeito ou ser Feliz? O que é mais importante pra você?

Muita gente acha que uma coisa depende da outra e não consegue ser nenhuma das duas, outras sacrificam muitas coisas em nome de uma perfeição em tudo o que fazem, que na verdade nunca é plenamente atingida... afinal somos todos humanos, o que implica em no mínimo algumas imperfeições.

Obviamente buscar a excelência e fazer o melhor possível no seu dia a dia em qualquer área é o ideal, nos motiva a aprender crescer e sair da zona de conforto, evoluir e contribuir com a sociedade. É lógico também que uma tarefa bem feita, a sensação de realização e dever cumprido ou uma conquista seja em que área for, sempre nos trazem prazer. Devemos procurar sempre melhorar um pouco a cada dia, dentro de objetivos realistas, valorizando nosso bem-estar e qualidade de vida.

É natural que enfrentemos situações e fases que exigem uma dose maior de dedicação e esforço ao longo de nossas vidas.

Entretanto, embora muitas pessoas se auto-definam como “perfeccionistas”, do ponto de vista psicológico esse termo implica em muito mais do que se esforçar por fazer as coisas da melhor forma possível dentro de suas possibilidades reais.

Segundo a psicóloga Valéria Lemos Palazzo, o perfeccionismo implica em estabelecer objetivos pouco realistas e padrões extremamente elevados, que trazem um sentimento interno de constante inadequação e insatisfação pessoal levando a pessoa a viver sempre em função das expectativas de julgamento e aprovação do outro e de si mesma. É ter a convicção emocional equivocada de que a perfeição é o único caminho para a aceitação pessoal e que somente seremos aceitos se formos perfeitos.

Muitas vezes o perfeccionista deixa de fazer, aprender ou até mesmo se divertir pelo medo de errar ou não ser bom o bastante, para não se sentir por baixo ou inferior. Dentro deste quadro podem surgir inclusive sintomas físicos de ansiedade, transtornos alimentares, constipação, gastrites, fibromialgias, isolamento social, entre outros.

Lembrando que o perfeccionismo afeta pessoas de todas as idades, inclusive crianças e é acentuado diante da alta competitividade presente em nossos dias, é sempre importante buscar ajuda de profissionais que saibam lidar com estes casos, utilizando recursos que reduzam o nível de auto-exigências e cobranças e aumentem a satisfação pessoal e a auto aceitação, aliando atividades práticas de forma lúdica e prazerosa, como no caso das diferentes formas de expressão da Arte.

Segundo Mara Grebogy, psicóloga, artista plástica e arte terapeuta, que atende no Espaço 103, a Arte é uma excelente ferramenta para romper os padrões negativos do perfeccionismo, pois nos coloca diante do imprevisível, onde não há lugar para exigências perfeccionistas, uma vez que as melhores expressões pessoais e artísticas se manifestam por meio da fluidez da espontaneidade.

Muitas vezes o prazer e a felicidade não estão simplesmente no resultado final, num troféu ou elogio, mas no caminho percorrido para atingir um objetivo, na superação das dificuldades, nos aprendizados, nas diferentes tentativas, nas parcerias, nas amizades, no rir de si mesmo e de suas falhas e imperfeições. É a constatação que apesar de não se perfeito, nem bom em tudo Você pode ser Feliz!

Aprendi com o professor Nivaldo Scrivano que Felicidade é a somatória de momentos construídos ao longo da vida onde há plena sintonia entre o que Você quer, o que Você deve e o que Você faz. Nem sempre é fácil criar condições para isso, mas se há algo pelo qual vale à pena empenhar-se, essa razão é permitir-se ser Feliz e imperfeito!
http://www.aconteceemalphaville.com.br/colunistas/303


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